the lake

2 meses a ouvir todos os dias a mesma música. espero não estar viciada em ti. isto passa

http://www.theworldofadam.com/thelake.html

dias de aniversário

sábado, domingo e segunda-feira e daqui a uns dias novamente sábado. dias de parabéns, de contagens, de viragens, de sempre ou como outro dia qualquer. dias em que fiz (ou gostaria de ter feito) o bolo de chocolate com cobertura de chocolate , com uma vela ao centro e com um sorriso enorme a decorar o dito. sem filmes ou livros cómicos para oferecer mas nem por isso estes dias são sisudos... há muitos motivos para nos entretermos. parabéns aos meninos lindos e muitos amassos em jeito de beijos.

isto foi inventado

Se soubesse que isto me estava a pesar o estômago e o peito. Se soubesse que isto me fazia, de vez em quando, um peso nos ombros. Se soubesse que isto era só isto e mais nada… já tinha deitado isto no caixote do lixo. Aliás, isto foi como o lixo lá de casa: da cozinha para a porta de casa, da porta de casa para o carro, do carro para o contentor verde.. e dura muito até que me desfaça do lixo. Lentamente e pela noite escura fui ao lixo despejar isto. E se soubesse que isto era um motivo inventado, porque não havia outro isto, já tinha tirado isto da minha porta.
Ontem improvisei ao ouvir ritmos africanos.

proletariado da lã uni-vos

cores fortes ou cores suaves, pouco importa. de seda, de algodão ou de pura fibra, pouco importa. o resultado, às vezes, é o que menos importa. horas que faltam preencher e que são dedicadas a uma menina linda que irá vestir um casaco verde e cor-de-rosa.

nestes dias começa uma maratona animada que, entre castanhas assadas, geleia, scones e chás exóticos, irá chegar ao fim quando 200g de fios estiverem tricotados.

proletariado da lã uni-vos.

coincidências

Tinha lengalengas para tudo. para o partido comunista dos velhos tempos, para Grândola, para o Alentejo, para os estudantes da cidade. adepto do União. ouvia num rádio, preto e pequeno, todos os fins-de-semana o relato dos jogos de futebol e ai de quem o interrompesse um só segundo. comia a sopa numa tigela e sempre com um colher de sopa de sal. gostava de amealhar no banco e nunca contou a ninguém quanto tinha. morava junto à Igreja de Santa Clara e de lá tinha uma vista invejável para a cidade. passava as tardes a olhar esta imagem, a comê-la com os olhos. sentava-se no muro ou num banco à janela. a mão direita segurava o cotovelo esquerdo e o esquerda o direito. foi assim que acabou de viver quando tinha eu já quinze anos.

aos vinte anos passei por uma rua da Alta. estava sentado num muro um senhor já velhote. a mão direita segurava o braço esquerdo e a esquerda o direito. olhava sem tirar os olhos de Santa Clara. Perguntei-me muitas vezes quem seria aquela personagem tão familiar. passava por ele muitas vezes até que um dia meti conversa. surdo qb e depois de uma conversa meia estranha disse que me conhecia e que era meu tio. pegou na minha mão e levou-me para ver a minha tia que estava em casa. quando entrei na sala tinham uma fotografia minha. não me lembro de o ver junto do meu avô.

passaram a vida com os mesmos gestos e a olharem-se à distância. não sabiam que alguém familiar estaria a olhá-los.
hoje vou muitas vezes a casa do meu tio que também acabou de viver faz um ano. a casa dele é agora o actual cumn.
estranhas coincidências da vida e da morte

ainda tens uns créditos para gastar

simplesmente descrente nos reencontros mas muito certa nos encontros inevitáveis.
Beija Eu

Seja eu,
Seja eu,
Deixa que eu seja eu.
E aceita
o que seja seu.
Então deita e aceita eu.
Molha eu,
Seca eu,
Deixa que eu seja o céu.
E receba
o que seja seu.
Anoiteca e amanheca eu.
Beija eu,
Beija eu,
Beija eu, me beija.
Deixa
O que seja ser.
Então beba e receba.
Meu corpo no seu corpo,
Eu no meu corpo
Deixa,
Eu me deixo.
Anoiteca e amanheca.
Marisa Monte

vou toda a tarde para lá

New Lanark, Julho 2005

quero ir

New Lanark, 1950

Se hoje tivesse folga no trabalho iria novamente à cidade utópica de Lanark. com os pés de molho no rio de Robert Owen engolia um iogurte de morango.
Mas quem sabe se hoje não irei a Paris ou a Londres. Dickens precisa de apoio para escrever mais uns textos.

simples e mais do que um beijo

Canção dos Abraços
são dois braços, são dois braços
servem para dar um abraço
assim como quatro braços
servem para dar dois abraços.
e assim por ai fora
até quando for a hora
vão ser tantos os abraços
que não vão chegar os braços.
vão ser tantos os abraços
que não vão chegar os braços
para os abraços.
Sérgio Godinho

mudanças rima com andanças

nem sempre arrisco. sem rede ainda posso cair. mas hoje, porque tinha que ser hoje, vou mudar... nem que seja dentro do mesmo piso, mas para um gabinete com vista para a cidade. a mudança implica tudo e a certeza que tomei o melhor caminho.
para além do trabalho a mudança continua, devagarinho, mas continua e disfarçada com um pequenino sorriso. mas continua. mas continua.

faneca e atum



já gostam de ler geografia e de inventar os dias

... e

já me tinha esquecido que ainda é possível lançar "alertas" e os amigos aparecem. aliás, como sempre apareceram. os meus "sinais" é que ficavam sempre comigo.

embarque às 7horas de Lisboa

Fch, O Lugar do Meio, 2005
faz hoje um mês que fiquei a meio de um lugar. faz hoje um mês que tu não ficaste a meio da vida. por nós, por ti, pelos outros... estou certa que neste caminho já há lindas histórias, fotografias, momentos que merecem chegar até aqui. ..... mas fazes falta, mas isso agora não importa, nunca deixei de confiar. tenho um pouquinho de inveja e estou com vontade de partir também.

moscatel, a paixão e os 30 anos

descobre na vida o gosto da paixão.
não encolhas os ombros sempre que ela aparecer.
nas horas conta os minutos que faltam.
sorri por qualquer disparate e cuida de ti.
faz do tempo perdido um tempo necessário.
deixa para longe os medos que te falam baixinho.
vê para além do que a tua vista alcança.
em tudo e todos procura a presença.
tenta a coerência no gostar.
torna-te leve e experimenta a incoerência
e fica longe sempre que te apetecer.
faz tudo o que criticas e revolta-te por fazeres pouco.
para quê a beleza e a inteligência aparente se o que te lembram as tuas memórias
é a loucura dos dias que nunca se repetem.
se experimentares a loucura vais ter saudades.

a febre fez com que o meu copo de moscatel ficasse vazio. mas esta é a minha receita. se é a paixão que procuram na vossa vida, há mais de 30 anos, está na hora de deixarem de ser pequeninos e de continuarem a teimar na coerência do que aparentam ser.

find a way and clear my soul

o corpo todo está cansado e sinto cada músculo. a cabeça está pesada.
quase ao cair da noite entrei na minha sala de ballet. rodrigo leão encheu de vida a quem o quis acompanhar. foram duas horas a experimentar cada nota ao sabor de ballet contemporâneo. estou fascinada.

Deep Blue
Find a way
and clear my soul
Driving out to get my goal
God knows
I cannot stand
It's time to say goodbye
You don't know, you should have known
the pain I feel inside
So, I was dreaming of you
I was falling with you
and broke my heart
So, I was falling for you
I was dreaming with you
and broke my heart
Find a way and clear my soul
Driving out to get my goal
You don't know, you should've known
the pain I feel inside
God knows I cannot stand
It's time to say goodbye
Find a way to ease my breathon
and on to fill my chest
I can't stay, I cannot stay
cause only tears remain
I can't hide, I cannot fight
and play this crying game
So, I was dreaming of you
I was falling with you
and broke my heart
Rodrigo Leão cinema

sons dos dias que nos marcam

Chuva
As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir

São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder

Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera

Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade
Mariza/Jorege Fernando

incluí esta música na minha banda sonora de 2004. e se ela surgir também em 2005 será que faz sentido? lembro-me que no ano que passou a minha irmã e eu tivemos um dia que nos marcou, lembro-me quando mostrei esta música ao menino-do-mar a nossa amizade passou a ser especial.... e por ai fora. a chuva tem destas coisas... leva-me a pensar na mistura agradável de coisas boas que vou sentindo ao mostrar novos sons a quem quero bem.
há dias que definitivamente nos marcam e quando me dão novas sonoridades a tendência é lembrar-me das pessoas com um brilhozinho nos olhos.

amarelo, vermelho, verde escuro, castanho

ao início da tarde fui.
de um lado cheirava ao verão queimado. terra castanha, cor de terra, preto das raizes queimadas, um verde muito escuro. pinheiros e castanheiros onde 4 corvos grandes resolveram poisar as patas. uma águia à beira da estrada que nem se atreveu a entrar por aquela mata escura, onde a madeira se transformou.
do outro lado era o outono, que apareceu sem ter medo e sem dar um único sinal. os mesmos pinheiros, os mesmos castanheiros. verde, verde alface, verde couve, verde azeitona, verde verde. alguns ouriços já no chão e folhas, que de tanto amarelas paralisaram os meus olhos. vi os tons avermelhados de uma estação que desejo.
no meio ia eu, ao longo de 11 Km e completamente sozinha naquela estrada sinuosa. perdi-me na certeza que está na hora de deixar o verão e saltar para a outra margem onde um chá quentinho, uma casa pequenina, os mesmos amigos de sempre e um livro nas mãos. há um ano escrevias "finalmente chove" e eu não gostei que a chuva entrasse nas nossas vidas. e agora percebo o quanto é bom que esta chuva seja ouvida pela noite dentro. acalma os sentimentos e leva tudo o que já devia ser ausente há muito tempo. seguramente quero uma estação que tenha de tudo menos os sentimentos de uma primavera que cedo se arrependeu de viver e de um verão que foi inteiramente vivido para fugir.
e
finalmente chove...

esperar cansa

o tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem. o tempo respondeu ao tempo que tem tanto tempo quanto o tempo tempo tem.

nem sempre o tempo que eu quero o encontro. o tempo às vezes não tem tempo. o tempo que dou nunca é o tempo que devia. espero que o tempo seja rápido e ele não é. finto o tempo e ele descobre sempre a minha tramóia. esperar cansa-me e consome-me.
ontem disseram-me para esperar.
sim, eu espero. não tem problema, eu espero.
mas só desta vez! nada do tempo abusar de mim.

sonho e sonhos, noite e noites


deixei de ter insónias e de contar carneirinhos a noite inteira. aliás, contar carneirinhos já foi um bom passatempo e uma recomendação para quem se ia deitar com a sensação de que a vida andava menos rápido que o coração (24.02.2005 no Pano do Pó).
mas mesmo quando tinha esse "mau dormir" costumava acordar com imensa energia... saltava da cama sem abrir quase os olhos e com votade de ir fazer não sei o quê para não sei onde.
hoje acordei com o miar dos meus gatos a pedirem colo... mas não foi por isso que me irritou com meu acordar. estava a sonhar com uns olhos pequenino, pretos e loucos e sonhava com o meu próprio sorriso, que desta desta me parecia mais quente.
se costumam dizer que os sonhos se podem tornar realidade então que venha esse dia que eu estou à espera.
assim como é bom sonhar a dormir, também ninguém ainda me disse que faz mal à pele sonhar acordada, apaixonar-me, gostar de alguém, ser incoerente no gostar, escrever dois poemas contraditórios, abandonar o passado, querer dois futuros ao mesmo tempo, voltar a apaixonar-me, voltar a gostar de alguém, voltar a ser incoerente no gostar....e por aí fora.

num passo de dança

Degas, bailarina


Nem sempre a minha vida
mudará onde eu estiver.
Tu tens agora esse poder:
fazer de um teu ponto de partida
um outro onde eu posso perder.

Ou ganhar, que nem tudo é curto prazo;
e se me rouba, essa noite, a ilusão
de ter flores que desejo junto ao meu coração,
sei que amanhã - igualmente por acaso -
noutro bouquet posso encontrar a redenção. Ou não.

E tudo muda, tudo balança;
eu nada posso fazer, sei lá no fundo.
Para mudares a minha vida num segundo
bastará só um passo de dança
lá do outro lado do Mundo.

AC, 2004


ontem foi dia de tentar estar presente na vida de alguém. ontem lembrei-me da outra mar que também é bailarina. ontem começei as minhas aulas de dança sem que tenha mudado a vida a alguém. a minha rotina ficou com mais dores de costas mas certamente com um olhar mais doce.

mudanças profissionais


de coração partido... mas os laços foram quebrados.
de coração ainda magoado... mas a confiança deixou de existir.

hoje disse basta a um trabalho que deixou de ter rosto e deixou de ser feito por mim há muito tempo.
hoje recebi um novo chefe, um novo trabalho, um novo desafio.... grande ou pequeno, não importa... como já tinha assumido... "p' a frente capitão, p' a frente!"

o último dia da semana

com a Mar pelos caminhos na Escócia, Julho de 2005


Fechou a porta, não com as trancas todas, pois julgava que no campo a vida era segura como o dia que nasceria amanhã. Disso tinha a certeza.
Saiu então de casa. Andou até ao emprego, contando a vida, por vezes lembrando as memórias já repetidas. Momentos teve que se julgava estar louco pelas conversas que tinha com os seus próprios botões. Umas vezes dizia que sim, outra dizia que não e nunca chegava a uma só conclusão, a não ser que quando tivesse que tomar uma decisão ela chegaria com a mesma calma com que a procurou. Seguia sempre os instintos de homem. Dizia que alguma coisa iria chegar. Que nunca nada era difícil e que punha nas mãos de Deus a sua vida. E não é que ele sorria quase todos os dias!
As decisões são fáceis de tomar, dizia-me muitas vezes.
Algumas vezes embarquei nesta maré de bem-estar divino, mas outras vezes julgava ser loucura deixar os “sins” e os “nãos” nas mãos de alguém por quem a minha fé nem sempre é certa. Para mim a vida continua a ter que ser vivida muito de rápido. Decisões bruscas, dias sem momentos, vontades sem desejos… tudo a correr como diz o relógio que tenho no pulso. Esqueço-me das prioridades, das pessoas a quem quero bem, as pessoas que procuram a minha presença são trocadas por outras que talvez nem a queiram para nada.

Tudo a correr até ao dia em que me obrigou a escrever e a abrir todos os dias o meu livro de escritas pequeninas e nocturnas.
Até ao dia em que um domingo em casa só faz sentido se aconchegada por uns braços grandes, que começa com um “bom dia!” apaixonado, um café e um jornal meio lido. Um almoço caseiro e uma leitura ou uma releitura de um qualquer escritor português.
O Domingo só faz sentido quando andamos pela relva molhada e ficamos com as sapatilhas encharcadas, até que ir por os pés de molho no rio é a solução mais óbvia. Ou então, quando vamos para mais de 1000m de altitude e molhamos os pés num rio que se esconde numa escarpa arrepiante.
O último dia da semana só faz sentido quando se chega a casa no rosar da noite, depois da missa, se faz bolos de gengibre e se provam com um vinho do porto ou mesmo com um chá de framboesa, vindo do país dos chás. Se come um quadrado da tablete de chocolate que irá durar até ao próximo domingo.
A noite do último dia da semana só faz sentido quando se sente um cansaço de quem saboreou cada espaço e cada tempo de descanso. Quando se vê um filme qualquer e se volta a adormecer, nos braços grandes, sem que o filme termine. Ou então quando se fica cansado de tanto conversar sobre o quintal que ambos plantámos.
Boa Dia! Acorda para a tua segunda-feira.


A depois de um dia de trabalho voltava pelo mesmo caminho que percorreu de manhã. Pensava nas mesmas coisas ou noutras que lhe vinham à memória. Era normal fazer desenhos e bandas desenhadas no tempo que demorava a chegar a casa. Abria a porta só com um volta da chave e deitava-se no sofá. Na vida era só e a vida era simples, tão simples que precisava de acordar a meio da noite e ler uma só poesia para que a beleza dos outros completasse o seu dia.