invocar o nome em vão

"Já visitou alguma cidade feita de livros? Um pedaço de terra dedicado exclusivamente à literatura, onde todas as ruas, becos e rotundas têm nomes de poetas ou escritores? onde nos cantos recônditos se encontram livros usados e na parte moderna da cidade se encontram as novidades? Pois bem, se ainda não conheceu nenhum lugar assim, fica a saber que existe um em Coimbra, mais precisamente em Taveiro." Público:21 de Maio.
Apologista de lugares como este fui ver. Fui ver e não gostei que os senhores do Público tenham utilizado o nome de "Cidade" em vão.
O pedaço de terra era afinal uma grande superfície em Taveiro, tecto baixo e sem um céu azul como o de hoje, com um cheiro a tinta e sem um som carcaterístico da minha cidade (Rui Veloso não conta). Não tem referências, não tem símbolos, não tem uma imagem de marca que me tenha feito sentir aquela cidade.
Por isso mesmo não me tentem convencer que as ruas de uma cidade são mesas corridas com livros, que as rotundas são camilhas com livros e que a parte nova de uma cidade seja o último livro do Saramago.
Não-lugar por não-lugar prefiro o Portugal dos Pequenitos.