noite


ontem foi um dia sem palavra. ouvir as palavras dos outros resultou numa vontade de conhecer o "porquê". (mas não devia ser "para quê?")
estou quase a cair na tentação de pedir (a quem de direito) novas histórias de vida.
logo à noite quero pegar na minha tela da cor dos lençois, nos lápis que não cheiram a pastel e acabar o meu anjo que não anda no céu.

And it was just another night
With a sunset and a moonrise
Not so far behind to give us just enough light
To lay down underneath the stars
Listen to all translations
Of the stories across the sky
We drew our own constellations
john jackson

o que queria fazer e não posso fazer

se hoje tivesse a chave do tempo acabava este dia a:
cheirar a terra molhada,
ver um filme para crianças,
dormitar no meu sofá verde,
beber um chá de jasmim,
respirar de alívio.

sebastião salgado


hoje fui eu a receber um presente. ao almoço adormeci num sofá azul. acordo meia assustada e levam-me para o meu local de trabalho. chego ao meu gabinete e dizem-me: "tem aqui um embrulho que um senhor deixou para si".
aprendeste a fazer-me chorar e a fazer sorrir. és lindo, sabias?
não sei lidar com tamanha admiração. às vezes custa muito sermos especiais. é muito difícil acreditar que ainda podemos ser especiais.
eternamente grata e não apenas pelo livro que recebi. "êxodos" também para ti!
espero que as intuições não falhem.

a partir de agora

a madalena
vai aprender a chutar uma bola de margaridas,
vai deixar um bilhete a dizer "obrigada" a quem roubou heras durante a noite,
vai comer brigadeiros e bolo de crepes,
vai ouvir as músicas do jorge palma,
vai vestir castanho e cor-de-rosa,
vai andar num baloiço em forma de vaca,
vai ser uma célula como a clara, a joana, a guida, a raquel, a margarida, a mafalda e a susana.

acorda menina linda anda brincar
que o sol está lá fora à espera de te ouvir cantar
acorda menina linda vai oferecer
o teu sorriso ao dia que acabou de nascer


ainda assim, tudo isto não explica o que é ser madrinha.

à patrícia

ontem também tiveste a tua meia-noite.
rimos do que acreditamos ser o nosso futuro. brindámos ao que acreditamos ser a nossa vida. contámos alguns segredos. confiámos que na nossa amizade temos um anjo da guarda. démos um abracinho muito forte e, como sempre, dei-te um presente feito por mim.
os teus 29 anos serão iguais aos meus 27 anos. este foi o nosso último brinde.
muitos parabéns princesa patrícia.

no reino do rei fazenda

ali as nuvens estão mais perto de nós. se andarmos de carro mais uns km vais ver que vamos ao encontro das nuvens. temos a tarde inteira por nossa conta. nas nuvens podemos saltar ao elástico ou à corda. mais ao lado, no azul do céu, podes contar as nuvens e tentar adivinhar quantas formas engraçadas elas têm. se estiveres com calor podemos, ainda, dar um mergulho nas nuvens reflectidas. no verde é melhor rebolarmos até ficarmos com a cabeça à roda.
ali as nuvens estão mais perto de nós. se andarmos sobre elas damos de cara com o que estivemos a sonhar no minuto anterior. ficamos com frio porque nunca tinhamos acreditado com tanta clareza. ficamos parados porque nunca tinhamos reparado que o que queriamos era apenas um abraço que se confunde com um beijo. ficamos com dores de barriga porque afinal é fácil resgatar o nosso sorriso. ficamos com os cabelos em pé porque todas as músicas que ouvimos fazem agora sentido.
ali as nuvens estão mais perto de nós. foi nas nuvens que descobri que tenho um segredo para te dizer. se conseguires encontrar as escadas em caracol que dão acesso às nuvens eu digo-te ao ouvido o que descobri quando tirei esta fotografia.

(com a mar da escócia_julho 2005)

desconhecido

Não sei como estás, o que vestes hoje, o que estiveste a pensar ontem à noite, como passaste este últimos anos, que conversas tinhas há 6 anos, o que mais gostas de fazer, quem são os teus melhores amigos, que sonhos tinhas para a vida de adulto, que tentações tens, que loucuras ainda estão por realizar.
tu também não sabes que idade tenho, quem são os meus amigos, quantos vasos de flores tenho em casa, de que cor está pintado o meu quarto, quantos filhos quero ter, se gosto ou não de praia, porque gosto de tocar viola, quantas horas passo à frente do computador.
eu apenas sei que alguém te dedica um dia por ano e tu apenas sabes que em Junho tens que me enviar um sms a dar os parabéns.
eu não sei quem tu és e tu não sabes quem eu sou mas, mesmo assim, o teu nome vem escrito no meu bilhete de identidade.
não sei quem tu és mas, mesmo assim, condicionas, cada vez mais, a minha vida. muitas vezes fico triste por ti e outras tantas misturo a raiva e o ódio e não sei o que prevalece.
ontem adormeci a pensar que talvez pudesse retirar o teu apelido do meu nome. se fosse só isto hoje teria acordado bem disposta.

passados 4 meses

ontem teria sido noite de ir ver o mar. teria vestido a camisola azul marinho quentinha que recebi do menino_do_mar e teria conduzido o meu carro até à minha praia pequenina e longe das luzes da figueira da foz. não teria desenhado nada na areia, nem passado nem futuro, nem a casa com dois andares, nem respostas a promessas. teria apenas olhado o mar e o céu que naquela praia têm a mesma cor que a minha camisola.
quero ir ver o mar.


Segredo

Meu amor porque me prendes
meu amor tu não entendes
que nasci para ser gaivota
meu amor tu não desesperes
meu amor quando e queres
fico sem rumo e sem rota.

Meu amor eu tenho medo de te contar o segredo
que trago dentro de mim
sou como as ondas do mar
ninguém as sabe levar
meu amor eu sou assim.

Fui amada
fui negada
fugi e fui encontrada
sou um grito de revolta.
mesmo assim porque te prendes
foge de mim, tu não entendes
que nasci para ser gaivota.

Kátia Guerreiro

casinha de chocolate

casa pequenina com porta de madeira pintada de verde. caixa do correio de latão e da cor da porta. janelas de madeira pintadas de branco. escadinhas pequeninas que dão acesso a uma salinha pequenina.
ontem foi dia de arrumações. porque terminou muita coisa nesta Primavera tive que arrumar papeis, canetas, livros, fotografias, sentimentos, estados de espírito, vontades e futuros. tudo no seu lugar para não fazer confusão a quem entra lá em casa e para eu própria não me sentir estranha na casinha n.º1.
depois de tudo arrumado foi tempo de pegar num grande livro de receitas inglesas e começar a maratona de doces até às 2horas da manhã. muffins de chocolate, brownies, shortbread, bolachas de manteiga em formato de coração, estrelas, cogumelos e flores....
quando fui dormir deixei a porta da cozinha aberta para ver se voltava a sonhar com a tal história infantil que tem como cenário uma casinha de chocolate.
a casa ficou com cheiro a casa e com um leve toque de "missão cumprida". é a isto que eu chamo de "casa".

não foi só mais um

estava nervosa como se fosse eu que tivesse que enfrentar 250 pessoas. ansiosa como se fosse eu que tivesse que ler um texto para os meus superiores. sorridente como se fosse eu a olhar para os meus pais e amigos de longa data.
tudo o que tu estavas a sentir eu estava a sentir. talvez não com a mesma intensidade mas com a alegria confiante de quem te estava a seguir em cada gesto e em cada palavra.
no final do dia agradecemos um ao outro a entrega. sorrimos e démos um abraço muito forte.
quando cheguei a casa recebi mais uma mensagem: "que tal, ficamos amigos para a vida?" não te respondi pois sabes tão bem quanto eu que era impossível não sermos amigos.
Parabéns Filipe

As pontes

Um dia quebrarei todas as pontes
Que ligam o meu ser vivo e total,
À agitação do mundo do irreal,
E calma subirei até às fontes.

Irei até às fontes onde mora
A plenitude, o límpido esplendor
Que me foi prometido em cada hora,
E na face incompleta do amor.

Irei beber a luz e o amanhacer,
Irei beber a voz dessa promessa
Que às vezes como um voo me atravessa,
E nela cumprirei todo o meu ser.
Sophia de Mello Breyner Andresen

maratona de palavras

estava escuro e a janela de madeira do escritório estava aberta. estava a beber uma cerveja e a comer tremoços. estava a ouvir a música de rodrigo leão misturada com o barulho da impressora. ao todo foram impressas 739 páginas até às 5h.15minutos.
agradeço o design da capa, as correções, as horas de estudo, as horas que roubei ao estudo, os inquéritos, a coragem, as fotocópias, a bibliografia, os telefonemas e visitas a meio da noite, as contradições e a utopia.
ontem fiz a folha dos agradecimentos do meu trabalho. não custa nada, quando se sabe bem o que dizer e a quem o dizer.
OBRIGADA

andar de mão dada

Confesso que fico invejosa quando passo todos os dias de manhã por um avô que conduz duas crianças de olhos azuis - como o carro que as transporta.

Amanhã era dia de ir almoçar com a minha avó. já não faço isto há alguns meses. exijo mais dela do que ela de mim. eu talvez gostasse que ela continuasse a fazer batatas fritas para o lanche e bolos de iogurte para o jantar, que trocasse as nossas horas de fazer os tpc pelas horas de brincar. como já não tenho esta contrapartida penso que já não vale a pena ir visitar a minha avó. e continuo a dizer: exijo muito mais dela do que ela de mim. bastavam 30m do meu tempo para que a semana dela e a minha corresse melhor. simples, não?

então para ela aqui vai (será que ela sabe que eu tenho um blog?)


Constellations

The light was leavingIn the west it was blue
The children´s laughter sang
And skipping just like the stones they threw
The voices echoed across the way
Its getting late
It was just another night
With the sun set
And the moon rise not so far behind
To give us just enough light
To lay down underneath the stars
Listen to papas translations
Of the stories across the sky
We drew our own constellations
The west winds often last too long
The wind may calm down
Nothing ever feels the same
Sheltered under the Kamani tree
Waiting for the passing rain
Clouds keep moving to uncover the scene
Stars above are chasing the day away
To find the stories that we sometimes need
Listen close enough
All else fades
Fades away
It was just another night
With the sun set
And the moon rise not so far behind
To give us just enough light
To lay down underneath the stars
Listen to all the translations
Of the stories across the sky
We drew our own constellations

perfeição

ando às voltas com este poema e com as pessoas que, para mim, são perfeitas.

Vidente
Vimos o mundo aceso nos seus olhos,
e por os ter olhado nós ficámos
Penetrados de força e de destino.
Ele deu carne àquilo que sonhámos,
E a nossa vida abriu-se, iluminada
Pelas imagens de oiro que ele vira.
Veio dizer-nos qual a nossa raça,
Anunciou-nos a pátria nunca vista,
E a sua perfeição era o sinal
De que as coisas sonhadas existiam.

Sophia de Mello Breyner Andersen

um rato, gato, cão, leão

uma colega e amiga de trabalho acabou de me dizer esta frase: " a tua chefe acabou de te tratar como uma cadela!"
presumo que seja por estar com o meu visual de caniche. não encontro outra explicação.
posso dizer asneiras?

defeito e feitio

defeito: ficar excessivamente triste com coisas pequenas.
feitio: ficar excessivamente alegre com coisas pequenas.

ontem o defeito foi superior ao feitio!

em 1.000Km

mar da escócia

promessa, sentimentos iguais, silêncio, respiração perdida, cumplicidade, ternura, vontade, amores cruzados, paixão, propostas semelhantes, loucura, andar, fotografar, voltar e novamente partir. tudo isto é pouco para te agradecer. és linda e tu sabes disso. para mim és uma borboleta cheia de cores.
daqui a 10 anos estaremos os 4 a fazer a mesma viagem e até lá vou contando cada ano como se fosse uma preparação para a grande viagem. se tu e eu acreditarmos muito numa coisa facilmente ela nos cai nas mãos, por isso é que eu acredito que em Glasgow seremos não 4 mas pelo menos uns 6 ou 8, quem sabe!
para ti e para os nossos outros 2 aqui vai:

Better together

There´s no combination of words
I could put on the back of a postcard
No song I could sing
But I can try for your heart
Our dreams, and they are made out of real things
Like a, shoebox of photographs
With sepiatone loving
Love is the answer,
At least for most of the questions in my heart
Like why are we here? and where do we go?
And how come it´s so hard?
It´s not always easy and
Sometimes life can be deceiving
I´ll tell you one thing its always better when we´re together

MMM its always better when we´re together
Look at the stars when we´re together
Its always better when we´re together
Yeah, its always better when we´re together

And all of these moments
Just might find there way into my dreams tonight
But I know that theyll be gone
When the morning light sings
And brings new things
But tomorrow night you see
That theyll be gone too
Too many things I have to do
But if all of these dreams might find there way
Into my day to day scene
Ill be under the impression
I was somewhere in between
With only two
Just me and you
Not so many things we got to do
Or places we got to be
We´ll Sit beneath the mango tree

Its always better when we´re together
We´re somewhere in between together
Its always better when we´re together
Yeah, its always better when we´re together

MMmmmm MMMmmmm Mmmmmm
I believe in memories
They look so, so pretty when I sleep
Hey now, and when I wake up,
You look so pretty sleeping next to me
But there is not enough time,
And there is no song I could sing
And there is no, combination of words I could say
But I will still tell you one thing
We´re Better together.

Jack Johnson; In Between Dreams

ARTUR


parti com uma grande encomenda... ela aqui está.

mudar de imagens urbanas


de olhos fechados e de costas voltadas:
agora é a minha vez de dizer que quando voltar vou querer ainda mais do que aquilo que tenho.
quero-te por inteiro.
até já